segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Distorções

As pessoas não tentariam dar beijos nela nem abraçá-la. Nem era para ela estar ali, no meio daquela família que agora sofria com uma perda irreparável.

Sentiu olhares sobre si e voltou a encolher-se no casaco escuro. Não sabia se era o vento frio do cemitério arborizado ou se era seu coração petrificando em arrependimento e dúvidas sobre o passado.

Olhou ternamente a cova aberta revelado o caixão coberto de flores e algumas fotos. Lá jazia dormente e frio o corpo de Eric, o homem que um dia acreditou que passaria o resto da vida.

Um breve arrepio tomou seu corpo ao sentir o aperto quente em sua mão.

"Ele não vai voltar?"

"Não meu filho" respondeu a Eliot de 4 anos. Considerava-o a única coisa boa daquele relacionamento doentio que somente ela conhecia. Por isso aquela rejeição da família de Eric. Eles não entendiam que quem amam procura proteger, e se era aqui que sentia por ela, era a forma mais distorcida de amar.

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