sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Gray sky

Tudo o que se quer pode não ser o melhor para uma pessoa. E era isso que estava acontecendo com aquela jovem; sentada à parca luz de seu quarto decorado e doce, cheio de emoções por ela desconhecidas à tanto, contrastando com seu âmago tão vazio e incerto, sem o conhecimento que por fora parecia ter.

Ponderou mais um pouco, avaliando se o que deixaria para traz valia à pena para fazê-la chegar a este ponto drástico de desistência, nada valia. Afinal, nada o que a formava e a cercava fora construído por ela. Tudo foi peculiarmente montado para enganar.

E pela primeira vez em anos, senti uma lagrima desmanchar a maquiagem que enfeitava o rosto levemente redondo e pálido, agora um tanto rubro pelo vento frio da janela que abrira.

Não secou a lágrima e atravessou o quarto em direção ao closet. De lá saiu vestindo apenas uma camisola até os joelhos de seda, com rendas adornando os ombros pequenos, laços na cintura demarcando.

Voltou à grande janela vendo o céu acinzentado de uma manhã fria de Londres, a rua coberta de neve e os prédios vizinhos fechados e dormentes.

O telefone tocou alertando-a. sorriu do pensamento e atendeu, era o produtor já às 5h da manhã marcando o ensaio fotográfico. Veronica, a modelo jovem e famosa que acaba de se atirar do 11º andar de seu prédio, caindo na neve branca a manchando com seu sangue rubro que forma uma auréola em torno de sua cabeça, como um anjo caído quem sabe, em busca de liberdade.

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