Abriu os
olhos escuros tentando se acostumar com a claridade nem tão bem-vinda no quarto
grande que se torna pequeno ocupado pelas lembranças do dono espalhadas em
todos os cantos.
Mais
acostumado saiu da cama sentindo o frio do piso de madeira mais reforçado pelo
inverno castigante e seguiu o cheiro doce daquelas tão adoradas panquecas.
Desceu as escadas correndo, passou pela sala intacta e parou na porta da cozinha tão aconchegante há algum tempo.
Chegou a
ouvir as risadas calorosas e os cumprimentos verdadeiros a mesa do café.
Mergulhado em recordações foi interrompido pelo tic-tac do relógio e deixou o
peso da realidade cair-lhe sobre os ombros.
Voltou a
abrir os olhos vendo a diferença do que deixou escapar por egoísmo: a cozinha
vazia e escura, sem ninguém. Encostou-se na porta odiando-se por ter caído
novamente naquelas alucinações assombrosas que teimavam em acompanhá-lo mesmo
depois de tanto tempo.
Já no
quarto plenamente escuro e sentou na cama desarrumada. Não precisava de luz, já
decorara o caminho para se libertar daquela realidade massacrante e solitária.
Depois emergiu no sono eterno.
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